segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Inaugurado o blog Livre Para Criar Música

        Bem, é possível dizer que o artigo “Algumas perguntas e respostas sobre Software Livre e sobre o Sistema Operacional GNU/Linux", o qual foi distribuído em 11 posts, inaugurou oficialmente o blog. Com ele, acredito que ficou um pouco claro que a ideia do blog não é simplesmente apresentar softwares livres e postar informações técnicas sobre eles. Acredito ser de fundamental importância conhecer a história do software livre, do sistema operacional GNU/Linux e de seus idealizadores, e entender a questão da liberdade e seu significado. Aproveito para dizer que a abordagem que sempre utilizarei para falar sobre software livre e sobre seu uso, estará focada na questão da liberdade, seguindo uma linha de abordagem proposta pela Free Software Foundation, pois foi esta forma de pensar a questão do software que de cara me identifiquei logo que comecei a ler, a pesquisar sobre software livre e sobre sistemas GNU/Linux.
        Em breve, um novo artigo do blog, semelhante ao último, abordará a história do software livre, do sistema operacional GNU/Linux, e de seus idealizadores. O artigo vai mostrar como as coisas aconteceram, em que contexto histórico aconteceram, e porque aconteceram. Será uma linha histórica com os principais fatos ocorridos ao longo do desenvolvimento do sistema GNU/Linux. Apesar de já existirem artigos semelhantes, resolvi aprofundar mais os assuntos, além do que, ele vai complementar bastante o último.
        Antes de terminar este post, quero dizer que o artigo “Algumas perguntas e respostas sobre Software Livre e sobre o Sistema Operacional GNU/Linux" (na íntegra) em breve estará disponível para download, através de um link na sua página de apresentação e sumário.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Revisando o que foi visto no artigo "Algumas perguntas e respostas sobre Software Livre e sobre o Sistema Operacional GNU/Linux"

        Como vimos, e como definido pela Free Software Foundation, Software Livre não é uma questão de preço, mas de liberdade. Ele oferece algumas liberdades fundamentais para o usuário, como a liberdade de executar, copiar, distribuir, estudar, modificar e aperfeiçoar o programa. Essas liberdades são protegidas, são garantidas pela licença de software livre anexada ao software e pelo artifício do Copyleft contido na mesma. Vimos que no início da década de 80, Richard Stallman, motivado por um ímpeto de liberdade, e após uma decisão ética, deu início ao seu projeto GNU, que visava construir um sistema operacional totalmente livre e que foi inspirado no UNIX. Vimos que Stallman, pouco tempo após o início do projeto GNU, fundou a Free Software Foundation, essa organização sem fins lucrativos e que foi, como ainda é, de fundamental importância para o mundo do software livre, criando e aperfeiçoando licenças de software livre como a GNU General Public License, e agregando toda uma comunidade de programadores que desenvolvem os softwares GNU. Vimos que em 1991, Linus Torvalds começou a desenvolver o projeto do que viria a ser o Kernel Linux como um objetivo pessoal de obter em seu computador pessoal um ambiente similar ao que utilizava na Universidade de Helsinki, kernel esse inspirado em um sistema UNIX (o SunOS) e que foi disponibilizado ainda em 1991, em sua versão 0.02, para que programadores pudessem contribuir aperfeiçoando o projeto. Vimos que um momento histórico muito importante para o mundo do software livre ocorreu quando, em janeiro de 1992, Linus Torvalds disponibilizou o seu kernel Linux (já na versão 0.12) sob a licença para software livre GNU General Public License, da Free Software Foundation. Foi a peça que faltava para o Projeto GNU, que na data em questão já havia construído o conjunto de softwares que compunham o seu Sistema Operacional GNU, porém ainda não havia construído o seu próprio Kernel (que ainda está sendo construído e se chama Hurd). O projeto GNU, de Richard Stallman, após adotar assim o Kernel Linux, de Linus Torvalds, disponibilizou este conjunto Sistema Operacional GNU mais o Kernel Linux para que qualquer um que se interessasse pudesse utilizá-lo, modificá-lo e distribuí-lo. Vimos que muitos programadores e organizações de todo o mundo passaram a realizar essas modificações e redistribuir essas versões do Sistema GNU/Linux modificado, são as chamadas Distribuições GNU/Linux, que foram ao longo dos anos sendo modificadas e chegando as que conhecemos e utilizamos hoje. Não esquecendo do que vimos, outro momento histórico ocorrido foi quando, em 1998, um grupo dissidente do Movimento Software Livre deu início a outro movimento, o Movimento Open Source, encabeçado pela Open Source Initiative, que passou a utilizar outro tipo de discurso para falar sobre software livre, abordando aspectos meramente técnicos, deixando de lado o discurso utilizado pela Free Software Foundation, que aborda aspectos éticos, políticos e filosóficos que tangem o uso de software livre.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O que são distribuições GNU/Linux?

        Logo que Linus Torvalds disponibilizou, em janeiro de 1992, o seu Kernel Linux (em sua versão 0.12) sob uma licença para software livre, mais precisamente sob a GNU General Public License (Licença Pública Geral), ou GNU GPL (da FSF), o Projeto GNU, que já havia construído todo um conjunto de softwares que compunham um sistema operacional, adotou-o como kernel para seu Sistema Operacional GNU, que por sua vez também foi distribuído como software livre, para que pudesse ser modificado, melhorado, adaptado, e redistribuído com as modificações. E foi o que aconteceu. Muitos programadores individuais, grupos de programadores e organizações de todo o mundo, passaram a realizar essas modificações e redistribuir essas versões do Sistema GNU/Linux modificado, são as chamadas "Distribuições GNU/Linux", ou "Distros Linux". Portanto, uma distribuição Linux “é composta do kernel Linux e um conjunto variável de software, dependendo de seus propósitos. Essa coleção de software livre [e por vezes não livre] […], é criada e mantida por indivíduos, grupos e organizações de todo o mundo, incluindo o grupo Linux”[1].
        As primeiras distribuições surgiram ainda em 1992, como MCC Interim Linux, o Yggdrasi e o SLS Linux, que após uma reformulação originou o Slackware, em julho de 1993. Ainda em 1993 surgiu o Debian, e em 1994 o Red Hat. Essas três grandes famílias de distribuições GNU/Linux, Slackware, Debian e Red Hat, deram origem a outras distros, muitas das quais foram continuadas, deram origem a outras distros, e outras foram descontinuadas[2]. Na FIGURA 1 podemos ver um cladograma das distribuições GNU/Linux[3], que pode ser acessado no endereço eletrônico futurist.se/gldt/gldt93.png e no qual podemos ter uma ideia da quantidade de distros existentes.

FIGURA 1 - Cladograma das distribuições GNU/Linux.
Fonte: GNU/Linux distro timeline distribution cladogram

        Hoje existem diversas distros GNU/Linux à disposição, umas mais populares, outras nem tanto. Na FIGURA 2 podemos ver áreas de trabalho de algumas distribuições GNU/Linux, que foram escolhidas aqui não por preferência do autor, mas somente para exemplificar.

FIGURA 2 - Áreas de trabalho de algumas
distribuições GNU/Linux: (A) Slackware 13.0; (B) Debian 5.0;
(C) Fedora 11; (D) Ubuntu 9.04; (E) Kurumin 7.0r3; (F) BrDesktop.
Fontes: Wikipédia e BrDesktop

        A maioria das distros GNU/Linux podem ser obtidas gratuitamente pela internet, através do download de Imagens ISO dos CDs de instalação, que devem ser gravadas com qualquer programa com suporte à gravação de Imagens ISO. Lembrando que a cópia dos CDs de instalação desses sistemas GNU/Linux (diferentemente do que ocorre com sistemas operacionais proprietários) é plenamente legal e permitida. O compartilhamento é um dos pontos principais da liberdade oferecida pelo software livre.
        Levando em consideração a variedade de distribuições GNU/Linux existentes e o fato delas apresentarem diferenças em alguns aspectos, a escolha de uma distro é algo muito pessoal, mas a escolha pode ser pensada observando alguns pontos, como: o grau de facilidade de sua instalação e configuração, o seu suporte à hardware, os tipos de programas pré-instalados, a sua documentação existente e disponível, a frequência com que ocorre sua atualização etc. A Wikipédia apresenta uma página com uma lista de distribuições GNU/Linux, e para saber mais sobre uma determinada distro, basta clicar sobre o seu nome.
        Uma possibilidade interessante para quem quiser somente experimentar uma distribuição GNU/Linux, ou para quem quiser levar a sua distribuição preferida para qualquer lugar, é escolher uma que esteja disponível em Live CD, que é um CD o qual contém um Sistema Operacional completo capaz de ser executado sem necessidade de instalação no disco rígido, pois o mesmo é executado a partir do CD e utilizando recursos da memória RAM.[4]


REFERÊNCIAS


[1] DISTRIBUIÇÃO LINUX. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2009. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Distribui%C3%A7%C3%A3o_Linux&oldid=16676462>. Acesso em: 24 set. 2009.
[2] MORIMOTO, Carlos. Uma linha do tempo das distribuições Linux. GDH Press - Blog. São Paulo: GDH Press, 2008. Disponível em: <http://www.gdhpress.com.br/blog/linha-do-tempo-distribuicoes-linux/>. Acesso em: 18 out. 2009.
[3] LUNDQVIST, Andreas. GNU/Linux distro timeline 9.3 - distribution cladogram. 07 de março de 2009. Formato PNG. Disponível em: <http://futurist.se/gldt/gldt93.png>. Acesso em: 26 set. 2009.
[4] LIVE CD. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2009. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Live_CD&oldid=17433258>. Acesso em: 5 nov. 2009.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Quem criou e o que é a Free Software Foundation?

        Em outubro 1985 foi fundada, por Richard Stallman, a Free Software Foundation (FSF, Fundação para o Software Livre), uma organização sem fins lucrativos que surgiu a partir da necessidade de arrecadar fundos para manter o Projeto GNU, que crescia a medida que outras pessoas se envolviam no projeto[1]. A fundação foi e é responsável por empregar esses programadores que desenvolvem os softwares do Projeto GNU e garantir a representação jurídica dos mesmos[2].

        Até meados da década de 1990 a fundação dedicava-se mais à escrita do software. Como hoje existem muitos projetos independentes de software livre, a FSF dedica-se mais aos aspectos legais e estruturais da comunidade do software livre. Entre suas atribuições atuais, encarrega-se de aperfeiçoar licenças de software e de documentação (como a GNU General Public License, GPL ou a GNU Free Documentation License, GFDL), de desenvolver um aparato legal acerca dos direitos autorais dos programas criados sob essas licenças, de catalogar e disponibilizar um serviço com os softwares livres desenvolvidos (o Free Software Directory), e de discutir e aperfeiçoar a própria definição de software livre[3].



FIGURA 1 - Logotipo da Free Software Foundation.
Fonte: Wikipédia

REFERÊNCIAS

[1] STALLMAN, Richard M. El proyecto GNU. Boston: Free Software Foundation, 2009. Disponível em: <http://www.gnu.org/gnu/thegnuproject.es.html>. Acesso em: 23 set. 2009.
[2] MORIGI, Valmir.; SANTIN, Dirce Maria.. Reflexões sobre os valores do Movimento Software Livre na criação de novos movimentos informacionais. Informação & Informação, Londrina, Vol. 12, No 1, 2007. Disponível em <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/1746>. Acesso em: 26 set. 2009.
[3] FREE SOFTWARE FOUNDATION. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2009. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Free_Software_Foundation&oldid=16637442>. Acesso em: 19 set. 2009.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Quem criou e o que é o Projeto GNU?

        O Projeto GNU foi iniciado em 1984 por Richard Matthew Stallman, com o objetivo de desenvolver um sistema operacional totalmente livre, que garantisse algumas liberdades fundamentais aos usuários de computadores, liberdades essas que desde o início dos anos 80 vinham sendo tolhidas por empresas fabricantes de computadores, que pararam de distribuir o código fonte dos softwares que vinham instalados em suas máquinas, restringindo ainda a cópia e redistribuição destes softwares, numa tentativa de evitar que estes programas rodassem nos computadores de seus concorrentes. Esse fato atingiu diretamente Richard Stallman, que trabalhava como programador no Laboratório de Inteligencia Artificial do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), um centro universitário de educação e pesquisa privado que é um dos líderes mundiais em ciência e tecnologia.[1] A comunidade de programadores da qual ele fazia parte e que até essa época compartilhava softwares e códigos-fonte livremente, passou a se desintegrar, quando muitos programadores passaram a assinar acordos de não-divulgação, assim, concordavam em não compartilhar o código-fonte e informações técnicas dos programas com outros programadores. Stallman viu-se diante de uma situação em que teria de escolher entre fazer o mesmo, e ir contra seus princípios, ou desistir do mundo da computação, desperdiçando, assim, suas notáveis habilidades como programador. Stallman encontrou uma solução perguntando para si mesmo o que poderia fazer como programador para ter de volta a comunidade erguida; que programa, ou programas ele poderia escrever para que isso acontecesse. Chegou a conclusão de que o primeiro passo era começar por um sistema operacional livre, o qual poderia possibilitar a cooperação da comunidade de programadores novamente.[1] Essa foi uma decisão ética que mudou a vida de Richard Stallman e de milhares de usuários de software, levando em consideração o fato de que hoje qualquer um pode ter acesso a softwares livres e sistemas GNU/Linux, que oferecem as liberdades fundamentais pelas quais Stallman lutou e luta até hoje.


FIGURA 1 - Imagem de Richard Stallman quando jovem.
Fonte: Wikipédia

        O Projeto GNU foi anunciado por Richard Stallman em setembro de 1983, em uma mensagem enviada através da Usenet à uma lista de discussão, onde pediu a colaboração de programadores e explicou a sua intenção e o seu projeto de sistema operacional, que chamou de GNU[3]. O nome GNU foi escolhido porque, além do significado original do mamífero gnu, é um acrônimo recursivo de: GNU is Not Unix (em português: GNU não é Unix), isso porque o seu sistema deveria ser compatível com o sistema operacional UNIX, porém não utilizando o mesmo código fonte e apresentando melhorias[4].


FIGURA 2 - Logotipo GNU.
Fonte: Wikipédia

        Em janeiro de 1984, Richard Stallman deixou seu trabalho no MIT e começou a escrever o Software GNU. Stallman temia que futuramente o Instituto reclamasse para si a autoria do GNU, impondo suas regras para distribuí-lo, correndo assim o risco de não poder distribuí-lo como software livre[5].
        Em março de 1985 Stallman publicou o Manifesto GNU, documento histórico que traçou metas, definiu objetivos e serviu (como ainda serve) de base filosófica para o Movimento Software Livre. Ele afirmou a luta do Movimento pela liberdade para programadores e usuários de softwares e pela busca do espirito colaborativo que existia em tempos anteriores à apropriação dos códigos-fonte por parte das corporações[6].

REFERÊNCIAS


[1] RICHARD MATTHEW STALLMAN. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2009. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Richard_Matthew_Stallman&oldid=16547137>. Acesso em: 18 set. 2009.
[2] STALLMAN, Richard M. El proyecto GNU. Boston: Free Software Foundation, 2009. Disponível em: <http://www.gnu.org/gnu/thegnuproject.es.html>. Acesso em: 23 set. 2009.
[3] STALLMAN, Richard M. Anúncio inicial. Boston: Free Software Foundation, 2009. Disponível em: <http://www.gnu.org/gnu/initial-announcement.pt-br.html>. Acesso em: 26 set. 2009.
[4] PROJETO GNU. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2009. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Projeto_GNU&oldid=16757467>. Acesso em: 19 set. 2009.
[5] STALLMAN, Richard M. El proyecto GNU. Boston: Free Software Foundation, 2009. Disponível em: <http://www.gnu.org/gnu/thegnuproject.es.html>. Acesso em: 23 set. 2009.
[6] FREE SOFTWARE FOUNDATION. O Manifesto GNU. Boston: FSF, 2009. Disponível em: <http://www.gnu.org/gnu/manifesto.pt-br.html>. Acesso em: 26 set. 2009.